25.10.06

José Saramago: o iberismo como utopia

En el artículo de Marisa Silva, "leyendo a Saramago" descubrimos el destino iberista de Portugal en las Españas, y la transformación de la Península Ibérica como una balsa de piedra que se adentra en el Atlántico, se separa de Europa, se armoniza y unifica; y gira 360 grados y ya perspectiva el Norte desde el Sur y el Sur desde el Norte; y el Oeste desde el Este y viceversa ...

Pero esto son "sólo", en principio, propuestas estéticas y literarias, pero que tienen mucho de orientación filosófica, social, política y económica.

http://www.ppg.uem.br/Docs/ctf/Humanas/2002/08_201_01_Marisa%20Silva_Jose%20Saramago.pdf

23.10.06

Ó mãe Ibéria, para quando?

"De leste a oeste comandámos,
Onde o sal vai, pisámos nós.
Ao luar de ignotos fins buscámos
A glória, inéditos e sós.
Hoje a derrota é a nossa vida
Doença o nosso sono brando.
Para quando é a nova lida,
Ó mãe Ibéria, para quando?
Dois povos vêm da mesma raça
Da mãe comum dois filhos nados,
Hispanha, glória, orgulho e graça,
Portugal, a saudade e a espada,
Mas hoje... clama no ermo insulso
Quem fomos por quem somos, chamando.
Para quando é o novo impulso
Ó mãe Ibéria, para quando?"

FERNANDO PESSOA

Miguel Torga

Ibéria

Terra.
Quanto a palavra der, e nada mais.
Só assim a resume
Quem a contempla do mais alto cume,
Carregada de sol e de pinhais.
Terra-tumor-de-angústia de saber
Se o mar é fundo e ao fim deixa passar...
Uma antena da Europa a receber
A voz do longe que lhe quer falar...
Terra de pão e vinho
( A fome e a sede só virão depois,
Quando a espuma salgada for caminho
Onde um caminha desdobrado em dois).
Terra nua e tamanha
Que nela coube o Velho-Mundo e o Novo...
Que nela cabem Portugal e Espanha
E a loucura com asas do seu Povo.

Poemas Ibéricos, 1952-1965

22.10.06

Quase metade dos espanhóis quer união entre Portugal-Espanha

Quase metade dos espanhóis, 45,7%, quer a união entre Portugal e Espanha, com a maioria a defender que o novo país deve chamar-se Espanha, ter Madrid como capital e manter o regime monárquico, de acordo com uma sondagem.
A sondagem, realizada pela Ipsos para a revista Tiempo refere que o apoio à união dos dois países é particularmente elevada entre os mais jovens, dos 18 aos 24 anos, com mais de metade (50,8%) a favorecerem essa opção.Entre os que favorecem a fusão, 43,4% dizem que o novo Estado deve chamar-se Espanha, contra 39,4% que favorecem a opção de «Ibéria», e apenas 3,3% favorece ver Lisboa como a capital do novo Estado, contra 80% que querem Madrid.Cerca de metade dos eleitores defende que o novo estado deve manter-se com o regime monárquico, que vigora em Espanha, contra 30,2% que defendem que o «novo país» seja uma República.A sondagem surge semanas depois de o semanário português Sol ter revelado uma sondagem que indicava que 28% dos portugueses favorecem a união com Espanha.Para ilustrar o cenário documentado na sondagem, a revista Tiempo visita as aldeias vizinhas de Rionor de Bragança, em Portugal, e Rihinor de Castela, em Espanha, localidades onde a única divisão evidente é no rio que as separa.O sentimento de proximidade com Portugal é particularmente forte nas regiões fronteiriças de Espanha que, em alguns casos se sentem mais próximas à realidade portuguesa do que ao distante centro do poder espanhol, em Madrid.As duas localidades chegaram mesmo a tentar, em 2005, avançar com um «Conselho de Rio Honor de Europa», uma iniciativa que pretendia unir os esforços dos habitantes dos dois lados do rio para conseguir apoio europeu para o desenvolvimento da região.O projecto, simbolizando as tentativas do passado de unificação dos dois países, acabou por falhar ao fim de três ou quatro reuniões, devido a desconfiança sobre a gestão dos eventuais fundos e à sua distribuição.No caso os habitantes da Rionor espanhola temiam que a maioria dos fundos fossem para a sua «irmã» portuguesa, maior e, por isso, capaz de reivindicar mais ajudas.Enquanto não se revolve o diferendo ficam pendurados projectos de cerca de 600 mil euros que os promotores da iniciativa dizem ser necessários para revitalizar e recuperar os cascos históricos das duas localidades e melhores as suas estruturas públicas.A Tiempo, que dá direito de chamada e cinco páginas ao assunto, acaba por relembrar que o projecto «iberista» tem já mais de cinco séculos, surgindo pontualmente e evidenciando-se, com mais força, no século 19, na altura como um dos ideais da revolução espanhola.Em 1848 chegou mesmo a nascer o Club Ibérico, formado por 400 portugueses e espanhóis que desafiou Paris apresentando mesmo uma bandeira Ibérica de quatro quadrados coloridos - branco, vermelho, azul e amarela.Em 1873 nasce, por iniciativa espanhola, a Associação Hispano-Lusa e, já no início do século 20, volta a esmorecer o projecto, ainda que em Espanha várias individualidades - o poeta Joan Maragall ou Alfonso Castelão (pai do nacionalismo galego) - tenham continua a defender o projecto ibérico.A proximidade cultural entre os dois países é hoje um dos factores que vários analistas argumentam como justificativo do sonho ibérico, como é o caso de Faustino F. Alvarez, colunista na imprensa espanhola e que se declara «luso-hispano, ou vice-versa».Alvarez recorda as constantes referências ao «outro» na literatura dos dois países, a entrada conjunta no mercado europeu e até o relacionamento de «primos distantes» entre Salazar e Franco ou a «inspiração» que o 25 de Abril foi para Espanha.
[17-10-2006] [ Dinheiro Digital, Diário Digital (on-line) ]

21.10.06

Confederación Ibérica

La Península Ibérica, geográficamente hablando, es un pequeño continente en miniatura que, siendo bañado por varios mares y un océano, se convierte en un eslabón esencial y prioritario para la interconexión multicontinental y mundial: resto de Europa, Africa y América. En ello consiste su singularidad y su grandeza.
La práctica totalidad del territorio de nuestra península, salvo Andorra y Gibraltar, forman parte de los estados español y portugués; si bien España y Portugal cuentan, bajo su soberanía, con archipiélagos atlánticos y mediterráneos que le permiten, desde la insularidad, reafirmar aún más su pluricontinentalidad. Y aun hoy, también mantienen, aunque en litigio potencial y permanente, la soberanía en las ciudades autónomas norteafricanas de Ceuta y Melilla.
España y Portugal han sido madres de naciones y, tras avatares históricos paralelos, no sólo se han incorporado simultáneamente en la entonces Comunidad Europea (ahora ya Unión Europea), sino que han sabido organizar y hermanar a las comunidades iberoamericanas y habrían de saber crear y potenciar las comunidades iberófonas (con la participación fraterna de los estados independientes que fueron sus colonias, bajo el denominador común de la paz, el progreso y dos lenguas universales de trabajo).
Con esta dimensión espiritual y universal, a las que han sido reclamadas desde tiempo inmemorial nuestras patrias, y habiendo adquirido la madurez adecuada para ello, no deben retrasar el trabajo imperioso y necesario de saber ofrecer a la UE y al mundo una sólida y solidaria confederación ibérica, donde el reconocimiento y apoyo a la diversidad interna, bajo una misma unidad, no sean preámbulo más que de la fraternidad, la solidaridad, la tolerancia y el progreso.
Cualquier proyecto político y jurídico de confederación ibérica, entre los muchos que tienen que ser tenidos en cuenta, con ilusión, honestidad y diálogo, debe respetar y asumir, como premisa, la independencia estatal de España y Portugal y su ya antonomástica calificación como miembros de pleno derecho de la UE, dando carta de naturaleza al actual y cada vez más frecuente movimiento y asociación de nuestras sociedades civiles y mercantiles, que comienzan a adoptar ya, por doquier, el apellido ibérico en la denominación de sus múltiples iniciativas y empresas conjuntas. Asimismo, debe explorar y aprovechar la diversidad de culturas, lenguas y nacionalidades que la componen para poder trabajar las inmensas sinergias de un policentrismo socioeconómico y cultural, que es tan atlántico como mediterráneo y tan europeo como americano, africano o incluso asiático. Debe abanderar dos lenguas como el español castellano y el portugués como denominador bivalente, conjunto y mínimo común en su fuero interno y como enseña diplomática y estandarte comunicativo mundial, además del inglés; aunque tampoco deberá minusvalorar el respeto y promoción del resto de lenguas peninsulares minoritarias, sobre todo en las nacionalidades donde son mayoritarias. Y, por último, cuanto menos, una confederación ibérica debe articular y armonizar la península y sus archipiélagos a favor del bienestar y el desarrollo humano biestatal y multicontinental.
Entonces, cuestiones como una capitalidad única o rotatoria entre Madrid, Lisboa o incluso otras capitales de comunidades autónomas, o la definitiva estructuración en macroáreas regionales ibéricas o la muy necesaria, conveniente y difícil armonización normativa, que deberán tener, en cada caso, propuestas alternativas y soluciones creativas, son sólo algunas muestras importantes del fantástico reto que nos marca el futuro, aprovechando la sintonía no sólo de un Portugal cada vez más ibérico e iberista, sino de una España cada vez más plural y madura.
¡Pessoa, confiamos en tus sueños, construiremos una supranación, de facto y de juri !