23.10.06

Ó mãe Ibéria, para quando?

"De leste a oeste comandámos,
Onde o sal vai, pisámos nós.
Ao luar de ignotos fins buscámos
A glória, inéditos e sós.
Hoje a derrota é a nossa vida
Doença o nosso sono brando.
Para quando é a nova lida,
Ó mãe Ibéria, para quando?
Dois povos vêm da mesma raça
Da mãe comum dois filhos nados,
Hispanha, glória, orgulho e graça,
Portugal, a saudade e a espada,
Mas hoje... clama no ermo insulso
Quem fomos por quem somos, chamando.
Para quando é o novo impulso
Ó mãe Ibéria, para quando?"

FERNANDO PESSOA